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Tédio e Pós-modernidade

Tédio e Pós-modernidade

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                                      Tédio e Pós-modernidade

O tédio um sentimento subjetivo, condição ou estado, antes, apanágio da nobreza e do clero (como benefício concedido a certo grupo em detrimento dos demais; considerado privilégio ou mesmo regalia a ser desfrutada por algumas pessoas), hoje, na contemporaneidade, é um fenômeno de grande impacto na saúde mental da sociedade ocidental. Por sua origem estranha, se questiona se é ele, um fator histórico e cultural ou, condição da natureza humana. O fenômeno se manifesta de forma e angustiante, e se refere à perda de significado humano diante da vida, do mundo e da realidade e podendo atingir qualquer pessoa em qualquer nível social. Como objeto de reflexão o tédio só veio a ser considerado depois do Romantismo. Segundo Honório de Medeiros, “um pouco mais recentemente – quando o romantismo assumia contornos lúgubres – talvez chamássemos o tédio de “inquietude d’alma”. Esse tédio, ainda segundo o mesmo autor, era decorrente de uma angústia filosófica – o homem queria saber qual o sentido da vida, para onde caminhava a humanidade, etc.”

E hoje? Por fazer parte do cotidiano, todos nós, de alguma forma, desenvolvemos, em algum momento da vida, o tédio, envolvendo a perda de significados pessoais, perda de sentidos, desconforto diante da vida, indisposição de exercer atividades anteriormente prazerosas.

O tédio, não deve ser considerado, tão somente um comportamento patológico; na medida em que não é uma expressão contínua; acontecendo no contexto de eventos esporádicos do cotidiano. Desse modo, não se pode conceber o tédio apenas como um estado mental interior, senão, também, como uma conseqüência do mundo pós-moderno, pois as atividades sociais, contemporâneas acabam sendo propicias ao desencadeamento do mesmo.

Segundo Lars Svendsen, tédio é um fenômeno característico da modernidade e pertinente à realidade subjetiva de todos nós, um problema do qual ninguém fica de fora, ninguém é poupado

Segundo Carvalho (1998), o tédio é um dos modos de subjetivação a se multiplicar na pós-modernidade decorrente da busca de um ideal fora do alcance que gera um processo de frustração e desinvestimento da vida. Para Svendsen (2006), trata de uma ausência de significado pessoal. La Taille (2009), o define como um tempo longo, lento, que não passa, longo demais para ser suportado.  Buchianeri (2012), acentua no tédio a falta de sentido aliada ao sentimento de vazio do sujeito. Baudelaire, poeta Francês do século XIX, descreve o tédio como inércia, inatividade, vida de pouca intensidade, estado de insatisfação permanente.

Carvalho (1998) afirma que o tédio assenta-se num sentimento de fastio, num cansaço diante das transformações incessante e rápidas e das super ofertas de um mundo que se funda na imagem da abundância e do consumismo.

Neste contexto, o tédio encontra um grande aliado no capitalismo. Com esse sistema econômico e social, o nosso mundo subjetivo sofre, também, grandes transformações.

O homem pós-moderno vive numa época de descrença e tem a impressão de que a vida carece de significado. A humanidade ingressou numa fase caracterizada pelo declínio dos valores.

Desse modo, quando não há mais nada a nos gerar qualquer interesse, desenvolvemos a queixa de que essa vida é intolerável, desprovida de motivações e significados.  Além disso, na contemporaneidade, com a extensa quantidade de estímulos e a possibilidade de desenvolver várias atividades ao mesmo tempo, essas atividades e estímulos perdem seus significados iniciais, sendo rapidamente abandonados pelo sujeito.

Dessa maneira, as pessoas tentam compensar o vazio que sentem, praticando o abuso de drogas, álcool, fumo, promiscuidade, vandalismo, desenvolvendo distúrbios alimentares, agressão, violência, etc. Tédio também pode ser um sintoma de depressão, mas difere desta no sentido de que o tédio é uma espécie de indisposição para fazer qualquer coisa, inclusive as atividades que normalmente achamos prazerosas, como ler um livro ou ouvir música. É uma sensação menos intensa e mais sujeita às circunstâncias enquanto a depressão é profunda e vem acompanhada de sintomas como tristeza e baixa auto-estima. No entanto, às vezes, ambos se confundem. Quando a falta de ânimo se torna crônica, desencadeia o tédio existencial que se assemelha a uma depressão branda. “Em ambas as situações, a pessoa não tem vontade de fazer nada e pode achar que a vida não vale à pena.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Ribeirão Preto

Coping religioso e Saúde Mental

                                       Coping religioso e Saúde Física e Mental

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Coping, palavra inglesa sem tradução literal em português, significa grosso modo “lidar com”, “adaptar-se a”, “enfrentar” ou “manejar”. Alguns estudos brasileiros traduzem coping por enfrentamento.

Coping tem um papel central na relação entre religiosidade, espiritualidade e saúde e pode ser melhor definido como o conjunto de estratégias utilizadas por uma pessoa para se adaptar a circunstâncias de vida adversas. Na perspectiva da Psicologia da Religião, Coping significa a busca por significado em tempos de estresse, “um processo através do qual os indivíduos procuram entender e lidar com as demandas significativas de suas vidas” (Pazine, 2004).

A religião oferece uma variedade de métodos ou estratégias de Coping, que, engloba uma série de comportamentos, emoções, cognições e relações.

Já dissemos anteriormente o quanto a religião pode melhorar a saúde promovendo práticas saudáveis de vida, melhorando o suporte social, oferecendo conforto em situações de estresse e sofrimento e até alterando substâncias químicas cerebrais que regulam o humor e a ansiedade, levando-nos ao relaxamento psíquico. Portanto, a religião pode ser um fator psicossocial e biológico benéfico na recuperação de doenças físicas e mentais.

Dito em outras palavras, crenças religiosas quando bem orientadas (não fanatismo) podem influenciar a maneira como pessoas lidam com situações de estresse, sofrimento e problemas vitais. Nessa circunstância a religiosidade pode proporcionar à pessoa maior aceitação, firmeza e adaptação a situações difíceis de vida, gerando paz, autoconfiança e, uma imagem positiva de si mesmo. Podem ainda, reduzir a sensação de desamparo e perda de controle que acompanham doenças físicas. A percepção de uma relação com Deus pode oferecer uma visão de mundo que proporciona socorro e sentido a doença e ao sofrimento humano.

No entanto, crenças religiosas também podem gerar culpas, dúvidas, ansiedade e depressão por aumento da autocrítica e autopunição. Instituições religiosas podem ainda levar pessoas a estabelecer maneiras de agir e pensar extremamente rígidas e inflexíveis, e nesse caso, favorecer o desencadeamento de transtornos emocionais, desestimulando, por exemplo, a busca precoce de tratamento e cuidados médicos necessários.

Profissionais de saúde mental ainda apresentam dificuldades em lidar com a religiosidade e espiritualidade de seus pacientes, no entanto, algumas universidades já despontam o interesse em oferecer treinamento adequado para essa intervenção.

Benefícios que utilizam práticas religiosas bem orientadas são bem vindos desde que não se excluam tratamentos médicos e medicamentosos e sejam respeitadas a individualidade e diversidade de crenças de cada um.

No aspecto negativo encontramos pessoas, que quando enfermas, aderem naturalmente a recursos que possam de alguma forma devolver-lhes rapidamente a saúde e o bem-estar. Estando mais vulneráveis podem ser presas fáceis de manipulação e influências na utilização de métodos que prometem curas milagrosas, retardando, assim, a busca por tratamentos médicos e psicológicos.

Do lado positivo temos que a aderência a práticas religiosas pode levar as pessoas a adotarem hábitos de vida saudável, como evitar o tabagismo, o alcoolismo, drogadição, promiscuidade. Tais providências podem evitar alguns tipos de cânceres (pulmão, estômago, cavidade oral, faringe, esôfago, laringe e bexiga, AIDS), e outras doenças.

Estudos mostram que a prática de princípios religiosos como o perdão, a compaixão, a fé, a esperança, entre outros, “acalmam”, liberando hormônios como acetil colina, endorfina, serotonina, etc., produzindo relaxamento muscular, serenidade, resguardando o corpo físico, melhorando a digestão e absorção de nutrientes, facilitando o sono, aliviando dores físicas, corrigindo a hipertensão arterial, diminuindo a ansiedade, depressão, etc.

Outra função das crenças religiosas pode ser a de alterar a atividade do sistema imunológico, prevenindo dessa forma o estresse. A alteração imunológica do indivíduo poderá levá-lo a maior propensão em apresentar doenças mediadas por fatores de imunidade. Um estudo concluiu que um aumento de interleucina-6 (fator imunológico) está aumentado no sangue de pessoas que não freqüentam regularmente cultos religiosos, quando comparadas com praticantes religiosos. A interleucina-6, geralmente se encontra elevada no plasma de indivíduos submetidos ao estresse constante. Dessa forma, pessoas religiosas teriam mais “resistências” aos fatores estressantes do dia-a-dia, ou seja, melhor adaptação psicológica.

As crenças ou atividades religiosas também podem produzir um estado de relaxamento do Sistema Nervoso Central (SNC), associado a uma diminuição da atividade do Sistema Nervoso Simpático, aumentando assim a resposta imunológica, e evitando-se dessa forma várias doenças psicossomáticas.

Profa Dra Edna Paciência Vietta

Psicóloga Ribeirao Preto

Adversidade e Resiliência – psicóloga Ribeirão Preto

Adversidade e Resiliência

Publicado: janeiro 19, 2013 em Uncategorized

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Desde o final do século XIX, no âmbito das ciências humanas a tendência foi dar ênfase aos estados patológicos. Por isso, as investigações se concentraram na descrição exaustiva das doenças, na intenção de descobrir causas ou fatores que pudessem explicar as condições negativas ou não desejadas, tanto na esfera biológica como mental. Apesar dos esforços, muitas questões ficaram sem resposta.  No final do século XX, a ênfase na Psiquiatria e na Psicologia passou a focalizar aspectos positivos da manutenção da saúde mental e sua prevenção.

Vários conceitos teóricos sobre recursos internos e externos para promover e preservar a saúde física e mental surgiram nas décadas de 70 e 80, fundamentados numa variedade de disciplinas: na Psicologia, na Biologia, na Sociologia, na Psiquiatria, na Educação, norteando e direcionando a promoção da saúde, entre eles, o de resiliência. O termo surgiu como uma combinação de fatores que permite ao ser humano enfrentar e superar problemas e adversidade da vida. (Suarez Ojeda, 1993).

Resiliência é um termo que a psicologia, tomou emprestado da Física para explicar a capacidade do ser humano em lidar com problemas e adversidades da vida de modo a superá-los, retomando gradativa e normalmente à sua condição anterior, após o enfrentamento de tais situações.

Metaforicamente podemos dizer que Resiliente é o indivíduo que submetido a traumas, estressores ou situações adversas se recupera psicologicamente e não se torna vítima da situação enfrentada.

Ao mesmo tempo, a aplicação do enfoque de risco amplamente difundido nos programas de saúde mental mostrou a existência de numerosos casos que se desenvolveram de forma normal, apesar das contingências desfavoráveis, eventos e fatores que em outros indivíduos foram causas de desequilíbrios emocionais ou de transtornos psicológicos ou mentais severos. O enfoque direcionou-se, então, para os fatores protetores que preservam a integridade psicológica e mental dessas pessoas.

Até os anos 90, os estudiosos defendiam que a habilidade para administrar conflitos era inata, como um dom. A partir daí, comprovaram que o homem pode, sim, desenvolver a capacidade de se recuperar e de crescer em meio a sucessivos problemas.

Sem dúvida que traços de personalidade são de grande relevância para a aquisição de comportamentos relisientes, mas um ambiente facilitador que gere pessoas confiantes e bem resolvidas é fator importante.

Acredita-se, portanto, que é na infância que se adquire tal condição, porém é possível desenvolvê-la também na vida adulta.

Ao se analisar o termo no âmbito da psicologia inclui-se também a capacidade de as pessoas, pessoalmente ou em grupo, resistirem às pressões sociais sem perder o equilíbrio emocional. Considerando o mundo em processo constante de mudanças, condição que exige constantes adaptações, sem tempo suficiente para se refletir sobre as posições a serem tomadas, diante das novas exigências e cobranças impostas, o tema se torna interessante e oportuno.

Neste contexto, pessoas resilientes estabelecem metas bem definidas – não são dados a grandes devaneios, como: enriquecer rapidamente e sem esforço, ficar famoso do dia para noite… São pessoas flexíveis, sensíveis, que possuem adequadas habilidades sociais, boa capacidade para se comunicar e, nas dificuldades faz uso do humor.

Pessoas resilientes apresentam competência para resolver problemas, pensam de forma crítica, procurando soluções adequadas para suas necessidades, e quando não encontram saídas, não se recusam a buscar ou aceitar ajuda. Possuem forte senso de identidade, grau elevado de autonomia e auto-estima. Demonstram independência e autocontrole. Quando as experiências são muito negativas, mantém-se a certa distância procurando formas alternativas de adaptação. Têm propósito e confiança no futuro: aspirações elevadas, mas, realístas, persistência e determinação. Acreditam que nas dificuldades, também, possam residir oportunidades de crescimento. Nutrem-se das pequenas vitórias, identificando e trabalhando recursos internos de forma saudável.

Pessoas resiliente não se abatem facilmente, não culpam os outros pelos seus fracassos, agem com ética e dispõem de energia para o trabalho.

Como você resolve seus conflitos? Como você administra suas crises? Como encara suas perdas? Você se considera uma pessoa resiliente? Faça você mesmo essa avaliação.

Profa. Dra Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

Psiconeuroimunologia: emoção e saúde – Psicóloga Ribeirão Preto

Psiconeuroimunologia: emoções e saúde

 Quantas pessoas depois de uma forte emoção ficaram doentes? Após situações de luto, acidente, perda de estabilidade, separação, mudança de escola ou até mesmo ao conseguirem passar num concurso, obter novo emprego ou ao se aposentar? Inúmeras pessoas passaram por essa experiência e muitas delas desenvolveram desde um simples resfriado até uma doença crônica. Na verdade, somos, em grande parte, responsáveis por nossa saúde física e mental. Nossos pensamentos, principalmente os mais negativos ou disfuncionais, como tristeza, raiva. medo, ódio, baixa auto-estima, rejeição, ciúme, vontade de fugir (dentre outros), em geral incitam estados de desconforto orgânico. A sabedoria Chinesa costuma dizer que a cada órgãos vital responde de forma diferente um tipo específico de emoção. Assim, a Alegria está ligada ao Coração e ao Intestino, a preocupação ao Baço e ao Estomago, a Tristeza aos Pulmões e Intestino Grosso, o Medo ao Rim e a Bexiga, a Raiva ao Fígado e a Visícula Biliar. Pela medicina ocidentais sabemos que, quando algum desses sentimentos agride nossa unidade funcional , o órgão correspondente, adoece. Basta passar por uma situação difícil, estressante ou problemática que o corpo manifestas sinais de alerme: a cabeça dói, o resfriado aparece, a digestão se complica, a respiração fica difícil ou a pele se enche de alergias, etc. O fato não é uma simples coincidência, mas um processo chamado pela medicina de somatização, ou seja, a transferência para o corpo do que deveria ser vivido e suportado apenas na mente.Assim, cada vez que uma pessoa não consegue suportar no plano psíquico uma situação, ela acaba produzindo ou agravando sintomas e/ou doenças que se manifestam no corpo. Já há alguns anos vem-se estudando como as emoções podem se inter- relacionar com o nosso sistema imunológico, ou seja, como os fatores psicológicos influenciam nosso estado de saúde. Mas atualmente a ciência que estuda esta área vem ganhando crédito – é a psiconeuroimunologia. Este termo foi criado em 1975 pelo Dr. Robert Ader, da divisão de Medicina Comportamental e Psicológica da Universidade de Nova York, pois ele acreditava haver uma ligação entre o nosso estado mental, nossa saúde e nossa capacidade de auto-cura. Esta ciência estuda a relação entre as ações do nosso sistema nervoso, do sistema endócrino, do sistema imunológico, do psiquismo e como todos estes sistemas implicam na saúde em geral. O nosso sistema nervoso regido pelo cérebro e por suas ramificações pelo corpo comanda reações químicas que influenciam os nossos hormônios e as nossas células de defesa mantendo assim, o equilíbrio do nosso organismo chamado de homeostase. Os nossos sentimentos fazem com que estas reações se acelerem ou ocorram mais lentamente causando as euforias ou depressões dos nossos sistemas. Quando as emoções se normalizam, a resposta orgânica também se equilibra. A homeostase pode ser definida como o processo de equilíbrio necessário para a manutenção da vida. O problema aparece então, quando não conseguimos lidar com estas emoções e elas passam a interferir nos mecanismos bioquímicos, levando às descompensações e instabilidade – é quando surgem as doenças. Já existe uma fisiologia propondo um sistema mental que envolve o sistema nervoso, o sistema endócrino e o sistema imunológico, estabelecendo as bases da psiconeuroimunologia, a qual sustenta teoricamente a bioquímica das emoções. Já se pesquisa, também, como os pensamentos e as emoções alteram os parâmetros biofísicos do Ser e, como as tensões musculares, a alimentação correta, a respiração correta e a correção de posturas físicas, influenciam na dimensão emocional e mental do Ser. O controle das emoções é vital, sobretudo, para garantir a saúde orgânica. Não é possível ter uma experiência emocional contínua sem resposta do corpo. Somos tomados por uma emoção quando sentimos que algo põe em risco nossa vida e os recursos do cérebro são convocados para resolver o problema. O desenvolvimento emocional é influenciado pela hereditariedade e pela aprendizagem. A constituição individual é um fator determinante na sensibilidade do sistema nervoso autônomo, no grau da resposta visceral e no padrão de difusão das reações viscerais. Os estímulos externos que causam as reações emocionais, o significado que damos a essas reações e a maneira pela qual nós as expressamos são resultado da aprendizagem.

                          Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica/ Ribeirão Preto/cognitivo-comportamental

Oração e Fé: seus efeitos na saúde

Oração e Fé: seus efeitos na saúde

A oração é, com certeza, independentemente da razão pela qual é praticada, a expressão mais universal de confiança e fé em um Ser Superior. Apenas no fim do século passado e, principalmente, no início deste é que o ato de orar, ao alcance de qualquer mortal, tornou-se objeto de pesquisa.
Dr. Jeff Levin uma das maiores autoridades mundial, epidemiologista formado em Teologia, Sociologia, Saúde Pública e Medicina Preventiva docente na universidade do Texas e na Universidade de Michigan, um dos principais cientistas do mundo no que se refere aos estudos sobre a relação entre as práticas religiosas ou espirituais e sua relação com a saúde, pesquisador do National Institute for Health care Research, afirma que resultados obtidos nas pesquisas realizadas nessa área não deixam dúvida de que fé e oração realmente ajudam as pessoas a se curar.Basicamente, o que os pesquisadores descobriram é que a oração é um instrumento real, efetivo, para ajudar na cura das pessoas, e que os efeitos positivos das orações na saúde já podem ser identificados e medidos.Médico e pesquisador Herbert Benson, conceituado médico da Faculdade de Medicina da Universidade de Harvard, pesquisando os efeitos de vários métodos alternativos sobre doenças e a saúde, entre elas a fé e a oração publico, em seu livro Timeless Healing, que a oração, desacelera o metabolismo, reduz o ritmo cardíaco e respiratório, prolonga a freqüência das ondas cerebrais, diminui a pressão sanguínea, proporcionando sensação de paz e tranqüilidade, melhorando o estado de saúde em geral.

Por meio da tecnologia de Tomografia Computadorizada por Emissão de Fóton Único (em inglês, SPECT), percebe-se uma diminuição do fluxo sanguíneo no lobo parietal superior, região do cérebro situada na parte de trás do crânio e responsável pela orientação no espaço e no tempo. Estudos nessa área, abriu a perspectiva segundo a qual o Ser Humano teria sido dotado de áreas no cérebro dirigidas para a comunicação com Deus

No Brasil, pesquisa feita pelo Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (Ceris), do Rio de Janeiro, constata que pessoas com temperamento forte quando convertidas se tornam mais tolerantes, se comportam melhor nos diferentes papéis que desempenham como os de pais, cônjuges, filhos, tornando-se mais dedicadas, menos egoístas, abandonando vícios da bebida, drogas, intensificam sua preocupação com o próximo, melhorando a percepção do outro, suas relações no trabalho, irradiando simpatia e mais ação no sentido de fazer algo para ajudar as pessoas.

A verdade é que a fé leva a pessoa a rever valores, padrões morais e a se tornar uma pessoa melhor.

O homem é uma unidade bio-psico-sócio-espiritual.

A dimensão biológica refere-se aos aspectos físicos do corpo: anatomia, a fisiologia, os sistemas muscular, digestivo, ósseo, hormonal, respiratório, as funções e disfunções dos diversos órgãos, a inter-relação desses sistemas. As necessidades fisiológicas estão aqui incluídas.

A dimensão psicológica refere-se aos aspectos ligados à personalidade do ser humano, manifestada no comportamento motivado por instâncias conscientes, pré-conscientes e inconscientes. Incluem-se nesta dimensão o pensamento, a memória, o raciocínio, o contato e a expressão de sentimentos, emoções, desejos, vontades, necessidades de segurança, de auto-estima, de realização.

A dimensão social diz respeito aos aspectos ligados à vida em grupo, enfocando os fatores econômicos, políticos, ideológicos e culturais. Esta dimensão inclui, necessariamente, a interação e, conseqüentemente, todos os fenômenos que acontecem na interação entre pessoas e grupos. A necessidade de associação, de uma vida social está aqui incluída.

Orar é parte da natureza espiritual do ser humano. A dimensão espiritual relaciona-se ao sentimento de pertencer ao mundo, de ser uma parte do Universo, à noção da existência de forças maiores que o entendimento não pode ou tem dificuldade de apreender; é uma dimensão que ultrapassa a matéria tal como a conhecemos.

No contexto atual de crises e de mudanças e transformações profundas, onde a fé é questionada, onde não é apenas a teologia que as pessoas querem abandonar, mas também a ética, a moral e os costumes, compete-nos como profissionais, em nossa responsabilidade social, refletir, também, sobre essa questão e suas influências na saúde, na doença e na convivência humana, na verdadeira espiritualidade que deve ser um dos desafios de todo cidadão deste planeta.

Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

Psicóloga Clínica

O Homem moderno e seu estilo de vida: entre o ser e o ter – Psicóloga Ribeirão Preto

O Homem moderno e seu estilo de vida: entre o “Ter e o Ser”

 “O Homem , na ânsia de ter, se esqueceu de ser” (Seneca) 

      O mundo moderno, obcecado pela tecnologia, produtividade, consumismo e bens materiais, privilegia os valores da matéria e do corpo em detrimento dos valores da alma. Por isso, é um mundo onde existe pouca ou nenhuma paz. Daí tanta inquietação, tanta pressa, tanto estresse, tantos conflitos.
      A partir do pensamento de Erich Fromm poderíamos considerar a história da humanidade como o embate simbólico entre o “Ser” e o “Ter”, dois verbos que, apesar da proximidade fonética, evidenciam, entretanto, um enorme distanciamento valorativo. Em nossa sociedade tecnocrática, “Ter” se tornou uma disposição hegemônica, comandando as nossas ações e valores através do postulado de que uma pessoa pode ser avaliada por aquilo que ela possui e não por aquilo que ela “é”, isto é, por suas qualidades singulares
      Há quem afirme a era moderna como a idade da Ansiedade, associando a este acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da modernidade; sociedade industrial. Sentiríamos muito menos sofrimento e inquietações se conseguíssemos o equilíbrio para racionalizar o grau de importância que esses bens de consumo representam em nossas vidas… Consumir é uma forma de ter, e talvez a mais importante da atual sociedade abastada industrial. Consumir apresenta qualidades ambíguas: alivia ansiedades, porque o que se tem não pode ser tirado; mas exige que se consuma cada vez mais, pois o consumo anterior logo perde a sua característica de satisfazer.
      Os consumidores modernos podem identificar-se pela fórmula: Eu sou = o que tenho e o que consumo Vejamos: Você usa tudo que você possui? Dê uma olhada em sua casa, no seu guarda-roupas… você realmente utiliza tudo que compra? Necessita do que compra ou compra apenas para satisfação do seu Ego? Experimente quando se encontrar numa situação de “compra eminente”, se questionar: Preciso realmente disto ou posso viver sem? Talvez você descubra que boa parte do que adquire é desnecessário. E na luta do “ter” em detrimento do “ser” acabamos por não valorizar o que temos. Com isto não queremos dizer que o ter seja desprezível senão que seja bem utilizável para o bem de todos. Um não precisa ser a negação do outro; quem é pode ter e quem tem pode ser. A pessoa pode ter e ser, ou ser e ter sem que haja, por isso, nenhum prejuízo, nem para o “ser” nem para o “ter”.
     Vivemos num momento de rápidas transformações fortes mudanças, de caráter ambiental, social, econômico, científico, cultural e tecnológico, entre outras. Estas mudanças podem nos provocar transformações internas (ex. orgânicas, emocionais, racionais). A escassez de paz, que a linguagem moderna traduz muitas vezes por estresse, é um perigo que compromete a saúde – física, psicológica e mental – e acarreta uma boa parte das doenças contemporâneas.
      A vida mecanizada de hoje, particularmente nos grandes centros urbanos, tende a levar todas as coisas num ritmo frenético. Neste contexto, o autoconhecimento e a intuição podem ser de grande valia, auxiliando-nos na adaptação a este mundo mutante e no direcionamento de nossos potenciais, para que possamos realizá-los da forma mais completa. Buscando um contato maior conosco mesmo, é possível que consigamos conhecer e distinguir melhor nossas emoções (que afetam muito nossas decisões e resoluções de problemas) de nossas intuições, o que pode nos auxiliar a fazer melhores escolhas em nossa vida.
      Precisamos aprender a dominar e acalmar nossos pensamentos. É preciso harmonizar nossa mente e conquistar uma vida calma e tranqüila. Uma mente sempre agitada irá desequilibrar todas as nossas ações, tornando-nos ansiosos, inquietos, irritadiços, compulsivos, expostos a todo tipo de conflito
                           Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
                                  Psicóloga Ribeirão Preto